quinta-feira, março 14, 2024

* Imagens e sons da Suécia
— SOUND + VISION Magazine, FNAC [HOJE, 16 março]

Foi há 50 anos que os ABBA venceram o Festival Eurovisão da Canção com Waterloo. Regressamos à FNAC para assinalar a efeméride, revisitando memórias musicais e cinematográficas da Suécia.

* FNAC / Chiado (16 março, 17h00).

Jacob Anderskov, I Sang

terça-feira, março 12, 2024

Adam Bałdych e Leszek Możdżer, Passacaglia

quinta-feira, março 07, 2024

António-Pedro Vasconcelos (1939 - 2024)

[ Academia Portuguesa de Cinema ]
Figura central do cinema e do jornalismo cinematográfico gerados na época das "novas vagas", António-Pedro Vasconcelos faleceu no dia 5 de março, em Lisboa — contava 84 anos.
Foi uma personalidade marcante de mais de meio século de história do cinema e da cultura portuguesa. Muito activo nos debates sobre as políticas culturais e, em particular, a relação cinema/televisão, deixa um legado que, para lá dos resultados concretos de cada filme, envolve a obstinada observação da sociedade portuguesa, das suas convulsões morais e também das singularidades de personagens mais ou menos solitárias, próximas do conceito clássico de anti-heróis.
As linhas que se seguem fazem parte de um texto publicado no Diário de Notícias (7 março), intitulado 'Para nunca mais fazermos 20 anos'.

De António-Pedro Vasconcelos dir-se-á sempre que foi um criador que nunca desistiu de pensar a possibilidade de um cinema português que conseguisse conciliar a dimensão autoral com algum impacto comercial. Dito de outro modo: a expressão na primeira pessoa, inerente ao imaginário do Cinema Novo a que pertenceu, podia coexistir com a metódica consolidação de uma base industrial alicerçada numa relação estável e feliz com os espectadores.
Mais de meio século depois de Perdido por Cem (1972), a primeira longa-metragem de APV (sigla carinhosa pela qual era frequentemente identificado), importa não reduzir a multiplicidade do seu trabalho ao desencanto cinéfilo que manifestou em anos recentes — em 2018, na altura em que a Cinemateca lhe dedicou uma retrospectiva integral, dizia mesmo, em declarações ao Observador (entrevista de Bruno Horta, 14 junho), que “o cinema português hoje é irrelevante”. Aliás, esse desencanto encontrou uma expressão contundente, tão sincera quanto discutível, na sua avaliação do trabalho de Jean-Luc Godard: primeiro visto como uma referência incontornável da modernidade, mais tarde condenado como “coveiro” do cinema europeu.
Sem nunca ter desenvolvido uma obra de “temáticas sociais” (pelo menos no sentido em que, na mesma época, trabalhavam, por exemplo, os herdeiros do neo-realismo no interior da produção de Itália), APV não deixou de assinar filmes que, directa ou simbolicamente, espelham movimentos muito particulares da sociedade portuguesa. Semelhante atitude criativa não pode ser dissociada do gosto e da pertinência com que se exprimiu também na área documental. Recorde-se o exemplo modelar de 27 Minutos com Fernando Lopes Graça (1971) e também, logo após Perdido por Cem, a produção televisiva Adeus, Até ao Meu Regresso (1974) construída a partir das “mensagens de Natal” de soldados que combateram na Guerra Colonial — a estreia, na RTP, ocorreu na véspera do Natal de 1974.

Para APV, a vontade de internacionalização da produção teria a sua expressão mais relevante na realização daquele que, na altura, foi rotulado como o “mais caro filme português de sempre”: Aqui d’El Rei! (1992), um fresco histórico e, uma vez mais, melodramático sobre os tempos finais da monarquia, reunindo meios, actores e técnicos provenientes de Portugal, Espanha e França. Com uma nuance de concepção, hoje em dia normal, mas na altura pouco frequente: Aqui d’El Rei! foi lançado como longa-metragem de cinema e mini-série de televisão.

>>> APV em Viseu — Tedx Talks (23 jan. 2016).

sexta-feira, março 01, 2024

Torres, opus 6

A americana Mackenzie Scott continua a justificar as singularidades do seu nome artístico: Torres aí está com um sexto álbum de originais intitulado What an Enormous Room. É caso para dizer: eis um espaço, realmente enorme, vocacionado para testar os limites, porventura os excessos, de um rock agreste pontuado por uma nostalgia quase romântica — veja-se e ouça-se Collect.

We Are the World
— memórias épicas de uma canção

Lançada em 1985 para angariar fundos para combater a fome em África, a canção We Are the World foi um verdadeiro fenómeno global. Agora, na Netflix, A Grande Noite da Pop faz o retrato fascinante da sua concepção e gravação.

Imaginemos um filme cujo elenco possa incluir, entre outros, os nomes de Ray Charles, Bob Dylan, Michael Jackson, Cindy Lauper, Lionel Richie, Diana Ross, Paul Simon, Bruce Springsteen, Tina Turner, Stevie Wonder… Em boa verdade, esse filme existe desde 1985 — trata-se do teledisco de We Are the World, canção criada para angariar fundos para combater a fome em África. Agora, através de um notável documentário intitulado A Grande Noite da Pop, disponível na Netflix (título original: The Greatest Night in Pop), podemos descobrir aquilo que apetece chamar a “versão longa” do teledisco.
A Grande Noite da Pop faz uma revisitação de We Are the World em parte semelhante à proposta que encontramos na série The Beatles - Get Back (Disney+), de Peter Jackson. Tal como Jackson trabalhou a partir dos registos inéditos das gravações do álbum final dos Beatles (Let it Be), também Bao Nguyen, realizador americano de ascendência vietnamita, pôde aceder a uma espantosa colecção de imagens registadas durante a gravação da canção.


Reconhecemos, claro, as imagens do teledisco, mas as novidades são fascinantes. Há também diversos depoimentos filmados agora, surgindo Lionel Richie como principal narrador: é ele que começa por recordar a origem da canção, primeiro com o impulso decisivo de Harry Belafonte, depois através do envolvimento de Bob Geldof que, no Reino Unido, no Natal de 1984, tinha organizado um projecto humanitário semelhante, dando origem à canção Do They Know It’s Christmas? Seja como for, o essencial são as largas dezenas de minutos (mais de metade do documentário que dura 01h 36m) em que assistimos ao labor de cerca de quatro dezenas de cantores — incluindo o coro que, além de Geldof, integra, por exemplo, Sheila E., Bette Midler e Smokey Robinson — durante uma noite realmente épica.
O título A Grande Noite da Pop é para ser tomado à letra. A partir do momento em que Lionel Richie e Michael Jackson começaram a compor a canção, tendo garantido que a produção estaria a cargo de Quincy Jones (personagem decisiva em toda esta aventura), tratava-se de saber como organizar a logística de uma gravação que, além de outros convidados, iria integrar vários dos participantes nos American Music Awards, a realizar, também em Los Angeles, na mesma noite do dia 28 de janeiro de 1985… e com apresentação de Lionel Richie.
Deparamos com toda uma colecção de pormenores inesperados ou desconcertantes — desde o mal estar inicial de Bob Dylan perante a altura das notas que Quincy Jones estava a pedir, até ao comportamento errático de Al Jarreau, consumindo mais do que o aconselhável das garrafas que começaram a aparecer no estúdio, passando pelos ruídos na gravação da voz de Cindy Lauper… por causa dos exuberantes colares que usava nessa noite. Em qualquer caso, A Grande Noite da Pop não se esgota numa acumulação de elementos mais ou menos pitorescos, impondo-se como um testemunho exemplar de um trabalho colectivo que, escusado será sublinhá-lo, resistiu ao tempo, às modas e às próprias transformações do audiovisual nas décadas que se seguiram.

quinta-feira, fevereiro 29, 2024

Jason Moran, From the Dancehall to the Battlefield (2023)

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

San Fermin, opus 5

Notícias de Ellis Ludwig-Leone (ao centro da foto, sentado)— nascido em 1989, em Brooklyn, discípulo de Nico Muhly, continua a dirigir os magníficos San Fermin (chamber pop, diz a Wikipedia, e não há razão para discordar). Aí está o quinto álbum da banda, Arms, maravilhoso labirinto melódico que não se envergonha de integrar qualquer coisa de primitivo e trovadoresco. Exemplo: Weird Environment, uma quase balada confessional que apela a um contido delírio sinfónico — é também, desde, já, um dos grandes telediscos do ano.
 

domingo, fevereiro 25, 2024

Ambrose Akinmusire, Beauty Is Enough (2023)

A IMAGEM: William Keo, 2022

WILLIAM KEO / Magnum
Um espectador do jogo de futebol Marrocos-Argélia para a versão amadora da Taça das Nações Africanas
Aulnay-sous-bois, França, 2022.